segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

VIGO: RÚA DOS CESTEIROS...

Ontem, no tradicional passeio de domingo que fiz com a minha esposa, quando dei por mim estava às portas da cidade de Vigo, na Galiza, a cerca de 40 Km de Melgaço, onde pernoitei. 
Sempre tive uma curiosidade imensa de conhecer a cidade de Vigo. Não por ser uma importante cidade portuária da Galiza, não pelas belíssimas praias que a circundam, não pela paisagem natural que funde numa sinestesia harmoniosa os sabores e as sensações da serra e do mar, mas porque para aquela cidade rumaram, nos primeiros anos do Séc.XX, gerações de cesteiros Gonçalenses que por ali deixaram marcas... marcas profundas que, ainda hoje, povoam o imaginário e a história da cidade de Vigo.
Naturalmente que eu já sabia de antemão que para poder contactar de perto com as marcas deixadas pelos cesteiros da minha terra naquela cidade tinha forçosamente de conseguir chegar à "Rúa dos Cesteiros".
Mas a minha tarefa não foi fácil! Só depois de muitas voltas à cidade e com o GPS "bem afinado" é que conseguimos, finalmente, descobrir a tão famosa "Rúa dos Cesteiros". Depois de passar pela "Plaza de la cosntitución" foi difícil para mim esconder a emoção ao pisar o ladrilho granítico daquela rua onde, apesar de despida dos cestos amontoados que eu imaginava junto ao casario, ainda assim, pude sentir aquele cheiro do vime que só quem cresceu a brincar junto às "gamelas", como eu, é capaz de identificar e de sentir com saudade...
Percorri toda a rua, mais que uma vez, para cima e para baixo, admirei, contemplei e infelizmente não consegui ver muito. Era domingo... e ao domingo em Espanha tudo encerra...
Mas não pude deixar de observar uma placa identificativa de uma das "oficinas" - é assim que chamam às lojas de cestos - na placa estava escrito "José Suarez - Cesteiro". E, pensei, em Gonçalo temos muita gente com a apelido de "Soares"... mas infelizmente não vi ninguém... a rua dos cesteiros estava deserta... mas, ainda assim, a emoção de estar ali transformara-a, só para mim, na rua mais importante e movimentada da cidade de Vigo... Afinal de contas naquela rua viveram, pelo menos, quatro gerações da minha gente, da gente da minha terra que espalhou pelo mundo a nossa cultura, a nossa arte, a nossa identidade...
A Catarina olhava para mim com um semblante admirado, sem perceber muito bem o que me ia na alma!..
Gostei de ir a Vigo e de ter passado pela "Rúa dos Cesteiros". E fiquei mais sensibilizado para o estreitar de relações culturais entre Gonçalo e Vigo... Une-nos a mesma cultura, a mesma gente (pelo menos quatro gerações de descendentes Gonçalenses) e a mesma identidade... a Cestaria...

Pedro Pires


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