Distrito da Guarda
Numa das últimas
assembleias municipais da Guarda tive oportunidade de apelar a todos os
deputados e a todos os partidos para que se unissem, para que dessem “um murro
na mesa” e soltassem um forte grito, um grito da Guarda, que ecoasse no terreiro
do paço.
Referi, nessa altura,
que “não podemos continuar a engolir este silêncio angustiante que mostra a
Guarda como uma cidade sem vida, como uma cidade sem gente capaz de elevar bem
alto um grito unanime de revolta, com tudo aquilo que nos está a acontecer!”
Algumas semanas
depois, constato, com tristeza, que somos mesmo gente conformada e que por
força do nosso conformismo a região da Guarda será, a curto prazo, um
território abandonado.
Com a morte
anunciada de tantas freguesias, sobretudo freguesias rurais, perdemos, aos
poucos, mais um pedaço da nossa soberania em extremidades do território onde já
não haverá ninguém com a responsabilidade de, pelo menos aos domingos e
feriados, hastear a bandeira nacional, símbolo da presença da administração
junto dos cidadãos.
Com o fim dos
Governos Civis, medida tão aplaudida e acarinhada, cortámos definitivamente a
linha direta de contacto entre os cidadãos e o Governo. Todos temos que
reconhecer que nunca, como hoje, foi tão difícil para os cidadãos, para as
empresas, para as instituições e para as autarquias chegar à fala com o Governo
e com os Governantes. Temo que, apesar das facilidades das tecnologias de
informação e comunicação, com a extinção da figura dos Governadores Civis,
Lisboa tenha ficado mais longe de tudo e de todos… e que deixámos de ter, junto
do Governo, uma importante “caixa de ressonância” das nossas legítimas
aspirações e dos nossos problemas…
Creio, por isso, que
somos, cada vez mais, terra de ninguém, território abandonado, espaço administrativo
que vive à conta de si próprio e fechado em silêncio sobre si mesmo, à espera
que alguém se lembre que aqui vivem pessoas que têm vidas como todas as outras,
que têm problemas, que têm necessidades, que não são apenas um número irrisório
de eleitores que pouco “aquenta” ou “arrefenta” na hora de fazer as contas.
O que somos, afinal?
Para onde caminhamos?
Somos terra de
ninguém?! Ou não somos…
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